Rumo ao Alvo (Inicio: Março 2008)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Negação

O peso mantém-se o que é muito bom, atendendo a que estou menstruada (logo só me volto a pesar depois de passar). As fomes nocturnas acabaram quando voltei a controlar o horário das refeições ao longo do dia.

Em contrapartida, não mereço manter o peso. Tenho mantido a alimentação correcta o dia inteiro e por duas noites seguidas tive a infeliz ideia, apesar de não ter fome alguma, de comer um pedaço de bolo de iogurte com cobertura de brigadeiro e uma fatia de queijo. Resultado: fiquei adoentada. Como é que alguém que sabe que é intolerante ao trigo e aos lacticínios faz estes disparates?! No mínimo, é preciso ter muita capacidade de negar a realidade, raios! Nos dias seguintes fiquei inchada, os intestinos reviraram, as indisposições voltaram, fiquei com o peito e pescoço às manchas, bebi água como se tivesse acabado de atravessar o deserto e o raio da sede não passava. E foi muito bem-feita. A ver se aprendo de vez.

Resumindo: a minha maior dificuldade não é alimentar-me por forma a perder a peso. Quando penso assim corre tudo bem. O problema começa quando penso que nunca mais posso comer qualquer coisa. A minha maior dificuldade é assimilar o "nunca". Não deixo de comer isto ou aquilo temporariamente porque preciso de emagrecer. É o nunca mais posso comer isto ou aquilo porque me faz mal. Pensar em "nunca" quando vejo um queijo à frente é o que mais me custa. E isso é o que vou ter que resolver comigo mesma. Não faz sentido ficar doente por causa de um prazer momentâneo. Depois de tantas experiências não faz sentido pensar que não vou ficar doente se comer só um pedacinho. E mesmo que não ficasse...é como se estivesse a ingerir um veneno. Pode não ser em quantidade suficiente para adoecer, mas bem não me faz de certeza. A intolerância virou total e é isto que tenho que assimilar. De uma vez por todas!

4 comentários:

Papoila disse...

olá!
sei como te sentes: eu sou intolerante à lactose, custou-me muito habituar à ideia que não posso beber leite ou comer uma simples leite creme na rua. Eu bebo leite sem lactose da mimosa, já experimentaste? quanto aos iogurtes n tenho problemas, a fermentação fragmenta a lactose por mim... tens q ir fazendo experiências :)

beijoca

Marisa disse...

Olá! :)

Há 2 ou 3 anos que vivo em experiências..rs O problema não parece limitar-se à lactose, mas também à proteína do leite. Portanto, tudo o que é lacticínios foi excluído. Pelo menos, de vaca. Já tentei queijo fresco de cabra e não parece fazer grande mal, mas até o meu organismo estar recuperado, por ora é melhor evitar também.

Alimentação fora de casa, pelo menos no que respeita a lanchinhos e afins também foi excluída. Não por causa dos lacticínios, mas por causa do trigo. Não há nada num café ou pastelaria que eu possa comer. Até um simples croquete tem trigo. Aprendi a andar com farnel atrás. rs Mas, volta e meia, ainda me esqueço de o levar.

Mesmo em casa foi muito difícil aprender a alimentar-me de uma forma diferente. Tive que pesquisar alternativas em cereais menos conhecidos, para não andar sempre a tostas de arroz e afins. Até porque com o tempo fui descobrindo que também não podia comer nada com milho, batata, etc.

A Flávia escreveu há um tempo um texto excelente que falava nas mudanças de hábitos e em como os nossos gostos mudam. Fartei-me de pensar nisso e percebi que hoje em dia adoro iogurtes de soja (só não adoro o preço deles..rs) e já como com prazer as tostas integrais de arroz que detestava. Acho que é mesmo isso..persistir até mudar os gostos e os hábitos. Não vou deixar de gostar do cheiro a pão quente, de ter vontade de comer uma torrada com manteiga derretida ou de comer tudo o que é queijo. Sempre foram os meus alimentos predilectos e hábitos diários de uma vida. Mas espero um dia não me incomodar mais com nada disso. Perceber que não posso e pronto. Como um diabético não pode comer doces ou um hipertenso não pode comer sal, etc.

Afinal, viver bem, com saúde e energia é muito mais importante. Vivi anos com problemas de saúde e sem se fazer ideia de qual era a origem. Agora que sei não faz sentido não voltar a ser saudável se só depende de mim. Viver bem implica aprendermos a cuidar de nós, respeitando os limites do nosso corpo. Acho que esse foi o desafio que assumi comigo mesma quando decidi mudar radicalmente os meus hábitos. Perder peso e ter vontade de recuperar a estética foi mais uma consequência do que o objectivo primordial. Ainda que a vaidade tenha recomeçado a aparecer quando comecei a ver os digitos a baixarem e isso também é bom. ;)

Ui...que testamento..sorry. :)

Beijinho

Flávia disse...

Oi Marisa,

Quando estav com 128kg fui fazer os exames de rotina morrendo de medo de estar com diabetes. Uma coisa é não comer por vaidade e outra por questão de saúde, né? Então me desesperei diante da possibilidade de estar com diabetes e ser "obrigada" a nunca mais comer determinados alimentos na quantidade que quisesse. Por sorte não estava diabética...
O sobrinho do meu melhor amigo é celíaco, não pode comer glúten,ou seja, nada de trigo. Engraçado que desde os 4 anos ele recusa todas as delícias que as outras crianças comem com a maior naturalidade, porque sabe que se comer vai se sentir mal. Precisa de treino, claro. Mas como tudo na vida,é hábito.

Beijos

Marisa disse...

Essa da diabetes é o maior medo, acredita. Desde a adolescência, que vivo com essa possibilidade por produzir insulina a mais e ter hipoglicémias. Todos os me´dicos que consultei diziam que dificilmente escaparia, apesar do peso normal que tinha na época. Hoje em dia, meto-me a pensar e acho extraordinário ter ignorado isso quando me deixei levar numa vida sedentária, a comer demais e tão mal.

É incrível a forma como conseguimos fechar os olhos ao mal que vamos fazendo a nós mesmos, não é? Ainda só perdi 11, 800 kg e já me parece estranho eu ter estado com aquele peso todo. Parece-me estranho o meu peso actual. Parece que só agora consigo olhar no espelho e ver-me como realmente estou.